quinta-feira, 30 de junho de 2016

O comportamento do desemprego em Abril-Maio

O INE divulgou hoje as Estimativas Mensais de Emprego e Desemprego relativas a Maio. O número de desempregados surpreendeu-me (e possivelmente também ao André Lamas Leite), não só o relativo a Maio, mas sobretudo a revisão do valor de Abril, que passou de 611,5 mil para 593,6 mil, uma redução de quase 3% (nota: valores não corrigidos da sazonalidade). O gráfico seguinte mostra o desemprego ao longo dos últimos meses, a minha previsão e o intervalo de confiança dessa previsão (com o valor revisto de Abril fora desse intervalo; Abril_inicial é valor inicialmente divulgado pelo INE para Abril, muito próximo da minha previsão).


O gráfico seguinte mostra duas estimativas da tendência do desemprego.



As estimativas indicam que o ajustamento em Abril foi, pelo menos, um dos mais significativos no último ano. Porém, as estimativas para Maio sugerem a possibilidade de um afrouxamento, ou mesmo inversão, da tendência de diminuição do desemprego. Ou será que deveremos olhar para Abril-Maio em conjunto e a tendência de descida continua a ser clara? De qualquer modo, o valor de Maio é ainda provisório.

14 comentários:

  1. Caro Pedro Bação:
    Isto é uma péssima notícia para todos os que estão sequiosos que o desastre anunciado da Geringonça chegue depressa.
    Só não compreendo uma coisa: se estão tão seguros do desastre - como os seus avisos continuados sinalizam - porquê não esperar sentado, beber uma bejeca e comer uns tremoços?
    O Observador, e os blogues do mainstream anti-Geringonça esgotaram o Alka-Seltzr nas farmácias.
    E ainda não deram a triste notícia.
    Não percebo bem porquê, com tantas ajudas no horizonte, do Brexit ao que se queira imaginar, porquê tanto nervosismo por uma simples nota de pé-de-página sem qualquer significado: uma décimas a menos no desemprego?

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  2. Estou curiosa por saber a explicação deste resultado. Se tivesses corrigido a sazonalidade, achas que continuarias com um decréscimo do desemprego? Tens alguma indicação de que houve aumento do número de empregos ou isto pode ser explicado por variações demográficas da população? Em Maio, a percentagem de desempregados a receber subsídio de desemprego era 43%, o que dá 242.170 pessoas, o número mais baixo desde Julho de 2008, logo isso pode forçar as pessoas a procurar emprego mais activamente, ou pode levar a que alguns desempregados nem se desloquem ao Centro de emprego. (https://www.dinheirovivo.pt/economia/apenas-43-dos-desempregados-recebiam-subsidio-em-abril/)

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    1. Também eu gostaria de saber. Apenas sei que houve um desvio significativo em relação ao esperado, neste caso, por mim e pelo INE. Se encontraram emprego ou se saíram da força de trabalho (e qual o motivo), não sei.

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  3. Os números do desemprego apresentados pelo anterior governo, antes das eleições, foram mascarados por programas ocupacionais de desempregados, em entidades públicas. Se o número de empregados se mantiver, depurado dessa trafulhice, já será uma boa notícia.

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    1. O momento em que para certas pessoas as políticas activas de emprego deixam de ser uma forma de ajudar os desempregados a voltar ao mercado de trabalho e de evitar que estejam demasiado tempo afastados do mesmo, e passam a trafulhice.

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    2. Não seja demagogo. Ajudar os desempregados a voltar ao mercado de trabalho com políticas activas de emprego é, evidentemente, meritório. Trafulhice é alterar os critérios de ordenamento das estatísticas de desemprego com a intenção de as manipular.

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    3. "O momento em que para certas pessoas as políticas activas de emprego deixam de ser uma forma de ajudar os desempregados a voltar ao mercado de trabalho"

      Nuno, a chave reside na sua própria formulação, curiosamente. Se os programas ocupacionais têm, como diz, a função de "ajudar os desempregados a voltar ao mercado de trabalho", quem neles participa não pode deixar de ser considerado como desempregado. Acho que nem percebeu o que estava a dizer.

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    4. Claro que percebi.

      Estágios profissionais pagos parcialmente pelo empregador; as pessoas estão empregadas, desempregadas, ou nem uma coisa nem outra? Onde é que coloca a linha? Se é óbvio, porque é que as regras não concordam consigo?

      E mais, o que o governo anterior fez foi excepcional, fora de série? Foi melhor/pior que os anteriores?

      As políticas activas de emprego existem há anos, e há imensos anos que emprego e desemprego são medidos da mesma forma. O problema do governo anterior é ter sido demasiado eficaz nas políticas activas de emprego? Ou investimento que aí se fez foi desperdício? Era melhor outra estratégia? Qual? Se não tivesse havido um esforço neste sentido estávamos melhores? Os desempregados estavam melhores?

      Se para mascarar os dados, com as piores intenções, um governo de que não gosta fez uma coisa boa, isso é um problema? Se ao fazer uma coisa boa, a usou para propaganda, isso é mau? Porquê?

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  4. Senhor Nuno Cruces:
    Já fiz esta pergunta muitas vezes mas nunca ninguém se dignou responder-me.
    Sem discutir trafulhices ou manipulação de dados, que todos os governos, de uma maneira ou de outra, são tentados a fazer, a pergunta é esta:
    O anterior governo, de Passos/Portas, vangloriou-se e ter feito baixar o desemprego de 18% para 12%, entre 2011 e 2015.
    Dado que tal ocorreu num período de contracção de -6,5% da economia, e que apenas em 2015 (isso terá tido algo a ver com as eleições, a proibição dos cortes pelo TC e a expansão do tão vilipendiado consumo interno) a economia cresceu 1,5%, como foi possível tal milagre?
    Sempre li, da parte de especialistas e economistas, que só quando uma economia cresce acima de 2% cria emprego líquido.
    Importa-se de me explicar?
    É que se a sua explicação for convincente, eu farei correr uma petição a propor os nossos responsáveis do governo anterior ao Nobel da Economia.

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    1. Eu não neguei que a melhoria a nível dos números do desemprego se devesse (pelo menos em parte) a políticas activas de emprego.

      Agora, o objectivo dessas políticas é precisamente minorar o desemprego. Era preferível não termos políticas activas de emprego? São prejudiciais, é dinheiro mal gasto? As estatísticas estão mal feitas? Como deveriam ser?

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    2. Senhor Nuno Cruces,
      Repito só a pergunta: Como se reduziu o desemprego em 6% com a economia a decrescer?
      -------
      E deixo outra: Como tanta gente «papou» isto acriticamente, sem ao menos se questionar?

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  5. Com políticas activas de emprego. Colocando desempregados em estágios (mal) remunerados e subsidiados pelo IEFP.

    Estavam melhor no desemprego? Estavam melhor a tirar o 12° nas novas oportunidades?

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  6. Ok, já percebi, a maquilhagem do meu inimigo é maquilhagem, logo uma coisa má, a do meu amigo é maquilhagem (admitida a contra-vontade), mas boa.
    Sim, dar maior habilitação e formação à, infelizmente, mal formada população portuguesa (a pesada herança que nunca se refere) é uma coisa boa.
    O êxito das gerações melhor formadas no estrangeiro, onde são admitidas nos países mais exigentes e em tarefas altamente qualificadas prova-o.
    Não é com pedreiros, canalizadores e electricistas (como era o sonho do Nuno Crato) que vamos longe: nunca fomos.

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  7. É seu argumento que é melhor para o futuro profissional duma pessoa de 50 anos, e desempregado há 5, tirar equivalência à matemática do 12° em 6 meses, do que o estado financiar uma empresa para lhe arranjar trabalho?

    Eu até sou da opinião que todos quantos queiram obter equivalência ao ensino obrigatório o devem poder fazer, em qualquer idade.

    Mas enquanto política de emprego (não de educação) isso aumentou efectivamente a empregabilidade dos intervenientes?

    A razão de ser do IEFP é a empregabilidade. Por isso, a única questão que me interessa é se o IEFP aplicou bem os seus recursos para minorar o flagelo do desemprego, e o que poderia ter feito melhor. Mesmo que o objectivo fosse mascarar os números, o que interessa é se isso tenha beneficiado os desempregados.

    Não me incomoda que um político faça uma coisa boa por eleitoralismo, independentemente da cor do político. Quando muito, preocupa-me que não se faça outra melhor menos eleitoralista.

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