sábado, 21 de maio de 2016

Deixem-me tomar uma Aspirina

Uma notícia desta semana referia que o Estado retirará a comparticipação a 115 medicamentos, caso o seu preço não baixe. Esta lista inclui análgésicos, antidepressivos, medicamentos para doenças cardiovasculares e antibióticos. O critério não foi terapêutico. O facto de serem aqueles 115 e não outros advém da existência no mercado de alternativas mais baratas. Vou repetir: existe um outro medicamento com um preço mais baixo, logo, ou o laboratório baixa o preço do medicamento, ou o Estado deixa de o comparticipar. É simples. E parece justo.

Curiosamente, não vejo aí os arautos da liberdade de escolha a barafustar com a medida. Bom, eu sei que uma pessoa não pode estar permanentemente a travar batalhas. Há que adoptar umas causas em detrimento de outras, mesmo que todas nos sejam muito caras. É uma questão de stock de fluoxetina - Prozac, para quem preferir. No entanto, tenho a leve suspeita de que este sossego relativamente aos pobres 115 medicamentos que poderão deixar de ser comparticipados (que tal pôr-lhes uns post-it's nas farmácias?!) é mais explicado por esta ser simplesmente a continuação da política de medicamento que Paulo Macedo colocou vigorosamente em prática.

E agora esta sofredora de dores de cabeça (sim, tenho-as mesmo, não é desculpa) vai tomar uma Aspirina, que só de me lembrar da desonestidade intelectual de um certo debate fiquei com uma enxaqueca e dar no ácido acetilsalicílico não é para mim.

[Adenda: na versão inicial deste post, eu colocava a hipótese de a alternativa aos medicamentos em apreço se tratar de um genérico. Erro meu que não li bem o comunicado do Infarmed, onde é referido que são igualmente de marca.]

5 comentários:

  1. Cuidado: a aspirina não é comparticipada e existem genéricos bem mais baratos.
    E também pode optar por paracetamol, cujos genéricos são baratinhos, evitando gastar mais com o clássico ben-u-ron.
    Faça o que fizer, votos de melhoras.

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  2. Idealmente deve existir sempre possibilidade de escolha, isto é, duas marcas para cada tipo. Porquê? Porque o que parece igual (ensaiado com resultados idênticos), nem sempre é igual.

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  3. Já agora
    "Curiosamente, não vejo aí os arautos da liberdade de escolha a barafustar com a medida."
    é que não é uma notícia como refere, mas um comunicado de imprensa. Talvez por isso tenha passado despercebido.

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    1. Caro asam, a opção pelo link para o Infarmed foi para não promover um órgão da comunicação social face a outro. Mas vamos lá, então. E começamos pelo Observador, que é para derrubar já a sua hipótese de teria passado despercebido.
      http://observador.pt/2016/05/17/governo-ameaca-deixar-comparticipar-115-medicamentos-caso-nao-baixem-preco/
      http://www.dn.pt/portugal/interior/115-medicamentos-obrigados-a-baixar-o-preco-ou-perdem-comparticipacao-5179691.html
      http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/genericos/infarmed-reavalia-comparticipacao-de-115-medicamentos
      http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=825707
      http://expresso.sapo.pt/multimedia/video/2016-05-18-Infarmed-reavalia-comparticipacoes-de-115-medicamentos
      http://economico.sapo.pt/noticias/infarmed-reavalia-comparticipacao-de-remedios-de-marca-para-poupar-35-milhoes-por-ano_249665.html
      http://sol.sapo.pt/noticia/510805/medicamentos-mais-caros-com-alternativa-em-vias-de-perder-comparticipa%C3%A7%C3%A3o
      http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2016-05-18-Infarmed-reavalia-comparticipacoes-de-115-medicamentos
      Que tal?!

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    2. Em matérias como esta a imprensa, em geral, é como um avião em sistema de piloto automático.

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