quinta-feira, 26 de maio de 2016

Leio este relambório de erros, que enfraquecem uma posição de principio com que concordo -- onde há escola pública o Estado não deve financiar ou continuar a financiar escolas privadas --, e é inevitável pensar como as precipitações podem arruinar boas ideias. Uma política destas nunca podia ter sido anunciada para poucos meses depois. Um anúncio para o ano lectivo de 2017/2018 tinha evitado a necessidade de fazer estes estudos à pressa. 

Adicionalmente, mesmo fazendo com um ano de antecedência, não havia necessidade de fazer tudo ao mesmo tempo. Deviam, simplesmente, começar com os casos mais escandalosos. Por exemplo, quase todos os contratos de associação na zona de Coimbra e mais alguns do grupo GPS. Isto já teria permitido dar passos importantes, com a grande vantagem de ser praticamente impossível alguém defender estes casos.

18 comentários:

  1. Luís:
    A meio do mandato do governo era mais difícil.
    Tanto mais que, ao iniciar-se em 2016/17 um novo ciclo para estas turmas que agora terminam o ciclo anterior e que não se quer continuar a subsidiar, era muito mais difícil (impossível) e contraproducente retirar os alunos com esse novo ciclo em curso.
    Quanto aos erros e amadorismo na gestão do problema, estou 100% de acordo consigo.
    A política é a arte de fazer de forma (aparentemente) fácil as coisas difíceis.
    Como sabe, o fácil dá muito trabalho e/ou exige muita arte.
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    Quanto ao protesto dos interessados na mama, podem continuar com os filhinhos nos colégios privados.
    Desde que paguem.
    E o Estado ajuda-os deduzindo até 1000€ no IRS.
    Foi o que eu fiz com um filho: fez 6 anos numa escola pública, perto de casa, porque tinha boa qualidade.
    E os 6 anos seguintes fê-los num colégio privado, porque mudei de morada e a escola pública da zona não tinha a qualidade que eu desejava.
    Mas paguei do meu bolso (o que me custou bastante) e nunca reclamei com ninguém nem me vesti de amarelo.
    Beneficiei dos 1000€ de dedução no IRS como todos beneficiam, ricos e pobres, se pagarem despesas de educação seja onde for.

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    1. "Tanto mais que, ao iniciar-se em 2016/17 um novo ciclo para estas turmas que agora terminam o ciclo anterior e que não se quer continuar a subsidiar, era muito mais difícil (impossível) e contraproducente retirar os alunos com esse novo ciclo em curso."

      O que se passa em Coimbra é um escândalo. Com o GPS também e com mais uma ou outra também. Era impossível haver escândalo se fossem estas a ser apresentadas. Quem é que ia dar a cara para defender um grupo que está a ser investigado por corrupção?
      E terminar com estas que referi já era acabar com metade do que se pretende acabar. Dava-se um passo muito importante sem haver margem para polémicas.

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    2. Ora, ora. As hostes catolicófobas que empurram este governo iam lá perder uma oportunidade destas para dar uns pontapés no seu ódio de estimação.

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    3. NG, até parece que o que move estas politicas tem alguma coisa a ver com religião.
      O que move estas politica é na sua essência a falta de religião.
      Se apenas temos esta vida para viver, EU quero vive-la o melhor possível. Os outros que façam pela vida, não são problema meu...Por isso o voluntariado ser para papalvos...Por isso, estando ligado ao estado, quanto mais cobrar(roubar), mais tenho para usufruir dos prazeres desta vida.

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  2. Tentaram convencer-me de que a posição em favor do ensino público estava enfraquecida por causa da má qualidade do relatório e eu, que sou um bocado tola, pensei "Espera lá, usando essa lógica, então se alguém errar a solução de uma equação, quer dizer que a equação não tem solução." Para mim há duas coisas diferentes: uma é o mérito do serviço de educação pública; outra é a competência de quem decidiu publicar o relatório precipitadamente.

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    1. O facto de o relatório ter erros não invalida a hipótese original; apenas retira credibilidade a quem fez o relatório.

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    2. A posição política. Equações não se aplicam.

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    3. "O facto de o relatório ter erros não invalida a hipótese original;"

      Evidentemente que não. Por isso a reafirmei.

      "apenas retira credibilidade a quem fez o relatório"
      Naturalmente. E a capacidade política que alguém tem para implementar uma política depende da sua credibilidade.
      Mais grave ainda, se se aplicar uma boa política com base em dados errados o resultado pode não ser bom.

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    4. Com a vossa experiência em analisar e comentar politicas económicas dos governos Portugueses, ainda se admiram com a reinante falta de inteligência dos mesmos?
      O que se aprende nestes exemplos é que o "estado" manda e o resto das pessoas tenta ignorá-lo o melhor possível e fazer pela vida.

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  3. Luís, diz que era praticamente impossível defender os contratos de associação com as privadas de Coimbra e mais alguns do GPS? Não entendi. Mas não já existe contestação à cessação dos contratos com essas escolas, por parte de pais, alunos, políticos, etc? A questão, parece-me, é a história da liberdade na educação, a possibilidade de escolha de uma publica ou privada, etc. Ou estou muito enganado, ou não tem sido nada impossível.

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    1. "Luís, diz que era praticamente impossível defender os contratos de associação com as privadas de Coimbra e mais alguns do GPS? "
      Digo.

      "Mas não já existe contestação à cessação dos contratos com essas escolas, por parte de pais, alunos, políticos, etc?"

      Se fossem só esses, articulistas de jornais e políticos não quereriam ficar associados a esses escândalos. Estas escolas, simplesmente, vão à boleia da contestação que é feita.

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    2. Parece-me evidente que há imeeeeensa gente a quem dá imeeeenso jeito a confusão instalada na discussão.

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    3. Vão à boleia, Luís? Como assim? Mas essas escolas não estão à frente da contestação, ao mesmo nível das outras? Mas não me explicou uma coisa: afinal, o que motiva os articulistas e políticos não é a liberdade de escolha, mesmo, ou sobretudo, para que os pais possam escolher entre duas escolas uma ou lado da outra? Não é isso? Em que é que esses articulistas e politicos diferenciam as de Coimbra ou algumas do GPS das outras?

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  4. Luís:
    Esta sua tese da reposição da racionalidade do uso dos recursos escassos do Estado e da lógica que deve guiar a universalidade da educação através da escola pública, isolando os casos «perdidos», parece-me muito sólida e capaz de ter tido muito menor contestação.
    Mas dificilmente compaginável com a sua afirmação de ser incapaz de fazer previsões acertadas em política, como fez no Expresso da Meia-noite.

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  5. Estava a ver o mapa das escolas afectadas. Do que me é familiar, acho escandolosa a diminuição de apoios às escolas de Cernache do Bonjardim e Sobreira Formosa. Só quem faz uma avaliação através do Google Maps pode pensar que esta medida não é um castigo severo para muitas famílias de poucos recursos e baixo nível de instrução, e mais um factor de aceleração do despovoamento e desertificação de parcelas do território.

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    1. NG esta gente não está preocupada com coisas destas. Quem diria que seria um governo de esquerda a criar dificuldades a alunos de famílias carenciadas, limitando-lhes as hipóteses de acederem a universidades públicas, onde a frequência é mais barata (as propinas ou não existem, ou são baixas) empurrando-os para as universidades privadas, com grave prejuízo das respectivas famílias. Bem sei que também foi este governo que decidiu repor os salários a quem mais ganha - mais de 1500 euros por mês - aumentando as pensões de reforma de valor mais baixo apenas 1 ou 2 euros por mês. Quem diria?
      Se as pessoas soubessem que as coisas se iriam passar assim, o resultado das últimas eleições seria muito diferente, parece-me.

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    2. Tiro ao Alvo, cumpre-se, mais uma vez, a profecia bíblica: a quem tem dar-se-lhe-á, a quem não tem o pouco que tem ser-lhe-á retirado.

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