quinta-feira, 19 de maio de 2016

Dor de corno

Tiago Brandão Rodrigues não se limitou a negar um crime. Bastava ter devolvido o dinheiro das propinas dentro dos prazos para ser óbvio que não havia crime nenhum.
O ministro da educação explicou que todos os procedimentos normais foram seguidos com a maior das lisuras. Ia para uma universidade, recebeu da fct o dinheiro para pagar as fees correspondentes àquela universidade. Mudou para outra universidade, devolveu o dinheiro.
É preciso muita dor de corno académica para que o seu ex-orientador venha com estas merdas 15 anos depois. Lamentável.

PS E sim a FCT adiantava o dinheiro. Estudantes de 20 e tal anos não dispunham de 15.000 euros para pagar propinas e despesas adiantadas. Caramba, só o seguro de saúde eram 1000 e tal dólares. Depois, apresentavam-se os recibos e faziam-se os acertos. Se é isto, é um não-caso. Em vez de enfraquecer o ministro, vai reforçá-lo.

5 comentários:

  1. Estes casos trazem vantagens inegáveis. Havia muita gente que não conhecia o carácter do "jornalista" Fernando Esteves e agora já conhece. Para quem anda nisto há mais tempo, o seu trabalho desta semana não causa qualquer surpresa.

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  2. Espero que o Ministro processe o jornalista/jornal.

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  3. É como um petromax na noite escura.
    Mais um rosto da vileza com luz pelos olhos..
    https://www.publico.pt/politica/noticia/psd-deu-seguimento-a-denuncia-contra-ministro-1732530

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  4. Luís:
    Há uma frase batida, segundo a qual, o conhecimento da nossa história nos habilita a não repetirmos os erros passados.
    Depois de em 1974/75 termos vivido o PREC das Esquerdas, que muito custou ao país, ainda pagamos as últimas prestações da factura, repetimos agora outro PREC das Direitas.
    O 1.º, sem que isto justifique os comportamentos deploráveis, foi vivido num período pré-constitucional.
    Este 2.º está a ser vivido num período de plena normalidade constitucional: passou recentemente o 40.º aniversário da Constituição.
    Portanto, não aprendemos nada com o nosso passado recente.
    Continuamos no reino do vale tudo: os fins justificam todos os meios, até os mais abjectos.
    E até aqui no Destreza, por mais racionalidade, bom senso e livre espírito de manifestação do contraditório que o Luís queira introduzir, o que é bem visível nos seus posts e na forma como comenta, perpassa, muito mais do que seria de esperar, o tal espírito do PREC das Direitas que refiro: especialmente deturpando a realidade por omissão de partes dessa realidade, para criar uma realidade nova que condiga com as opções políticas ou as simpatias (ou antipatias) pessoais (muitas vezes mais as antipatias pessoais) de quem tal faz.
    E isto, quer nalguns posts, quer nalguns comentários.
    Tanto assim é que alguns posteiros e comentadores ficam ofendidos quando alguém, noutro comentário, questiona a isenção e correcção factual do que dizem.

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  5. Pois... Com ajuda de [Miguel Esteves Cardoso, “Público”, 15/Fev./2010] é assim:
    «(…)
    A DOR DE CORNO

    Os palavrões são libertadores mas também podem ser instrumentos de precisão. No PÚBLICO de anteontem, Ana Brito citou Henrique Granadeiro:

    “Sem papas na língua, o 'chairman' da PT disse à revista Visão sentir-se ‘encornado’ por Rui Pedro Soares e Fernando Soares Carneiro.”

    Saúdo Henrique Granadeiro e o verbo tão bem usado. É raro os presidentes falarem português em público. É anti-homofóbico e anti-machista que um heterossexual português diga que se sente encornado por dois outros homens. Boa! Muita gente importante “desabafa”, como se já não aguentasse mais os anos de mentiras e ofuscações.

    Desconfio sempre dos desabafos. Distraio-me a perguntar como é que se deixaram abafar durante tanto tempo. Também o “sem papas na língua” está certo. É feio usá-lo como eufemismo de “desbragadamente”. A expressão é aprovativa. Não é bom ter papas na língua. Não se consegue falar com clareza. Não se percebe o que diz uma boca cheia de Cérelac desnatado de sentido.

    Ao não sentir-se “traído”, Granadeiro não foi o grande chefe do costume, que toda a arraia-miúda, por muito anónima que seja, pode trair. Para se ser encornado (ou nos sentirmos encornados), é preciso termos gostado de quem nos encornou e termos acreditado que não nos encornariam.

    Ser encornado vai além da desilusão. Substitui uma fé boa por uma notícia má. Nunca mais se acredita em quem nos encorna. Mas ficam saudades de quando se acreditou. E é aí que está a tristeza. Sobretudo quando depois se fazem as pazes.
    (…)»

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