quarta-feira, 25 de maio de 2016

Uma grande merda

Durante três anos, trabalhei num projecto cujo objectivo era minimizar o custo de transportar estrume de aves do noroeste do Arkansas para a parte leste, chamada o Delta do Arkansas, que fica ao longo do Rio Mississipi e onde há o cultivo intensivo de várias colheitas como o arroz, a soja, o algodão, algum milho, etc. O projecto servia para aliviar o impacto ambiental na zona onde se produziam aves e maximizar o benefício para as diferentes colheitas que se produziam na parte leste do estado. Lembrem-se que não há nada mais sexy do que salvar o ambiente e eu já fiz a minha parte!
O meu papel nisto tudo foi o de fazer a análise quantitativa: ver quantas toneladas de estrume iriam ser transportadas por que meio de transporte (camião ou combinação camião-barca fluvial), para onde, e em que forma (se era transportado solto ou embalado em plástico), pois os custos e benefícios de todas as opções eram diferentes e nós também queríamos saber quanto dinheiro isto iria poupar em adubos. Para fazer isto, escrevi um programa em GAMS que me dava a solução e os custos de cada rota. Aquilo demorou-me vários meses a implementar, pois era preciso procurar dados, pensar na forma do problema, nas restrições, e depois escrever o programa, fazer correcções, e resolver a coisa para encontrar a solução. Claro que não trabalhei sozinha.
Ao ler o estudo do Ministério da Educação acerca de como decidir colocar os alunos em escolas públicas ou privadas, não posso deixar de constatar que nos EUA se dispende mais esforço a pensar onde enviar merda -- sim, MERDA -- do que o esforço que em Portugal se dedica a decidir o destino de crianças. É uma grande merda...

2 comentários:

  1. Tem toda a razão, Rita. Passei os olhos pelo tal estudo e achei aquilo muito pobrezinho. E interroguei-me: como foi possível que, com uma coisa destas, tenham tomado uma decisão política que vai afectar milhares de famílias, sem qualquer vantagem que se veja?
    Onde estão os técnicos deste país? Devem estar todos escondidos de envergonhados. Digo eu. Se assim não fosse, a nossa comunicação social já tinha arrasado aquele paupérrimo documento.
    Valha-nos a Rita que, lá longe, não deixou passar a coisa. Obrigado.

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  2. Alguém acabará por pôr as coisas no seu devido lugar, sem que precisem de publicidade. Pois... Temos por cá um certo número de pessoas que sabem o que fazem...

    Gostei de ter lido mais uma experiência de escolha da tecnologia para enfrentar problemas novos e, não menos, de saber que o referido software está disponível para várias plataformas.

    Se, na nossa Administração Pública, estivessem mais habituados à racionalidade de usarem software open source, não existiriam tantos problemas...

    Quanto ao que está em causa convém que não passe a ninguém pela cabeça substituir pessoas bem preparadas por "robots".

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