sábado, 14 de maio de 2016

Pipocas e coisas preciosas

Foi a Kerry que, em 1998, me viciou na Tori Amos. Tenho os álbuns quase todos, talvez me falte um ou dois e frequentemente surgem, aleatoriamente na minha cabeça, pedaços de letras das suas canções. Um dos tópicos abordados por Tori no início era as relações entre as mulheres, a forma como elas se tratavam umas às outras. Ao contrário do que o Pedro Arroja pensa, as mulheres não são assim tão solidárias entre si e, na minha experiência pessoal, até acho que são menos do que os homens.

Os homens evoluiram participando em actividades em que a cooperação entre estranhos era muito importante, como a caça e a guerra. Nas actividades das mulheres essa característica não era tão decisiva para a sua sobrevivência. Mas já antes de ouvir Tori Amos, eu tinha decidido que ia lutar contra a genética, não queria competir com mulheres ou magoá-las, preferia ser solidária.

Não quero ser uma "pretty girl, demigod, with her nine-inch nails and little fascist panties" ou uma "cornflake girl". E por isso, sou solidária com a Fernanda Câncio. Mas também há um motivo egoísta: tenho telhados de vidro. Quantas vezes é que já não me envolvi romanticamente com pessoas erradas? Vezes demais...

"Yes in my peach party dress
No one dared
No one cared
To tell me where the pretty girls are
Those demigods
With their nine-inch nails
And little fascist panties
Tucked inside the heart
Of ever nice girl"

~ "Precious Things", Tori Amos

"Never was a cornflake girl
Thought that was a good solution
Hangin with the raisin girls
She's gone to the other side"

~ "Cornflake Girl", Tori Amos

1 comentário:

  1. Não diria que isso é ser solidária com a Fernanda Câncio. Acho que é mais ser solidária com a inteligência, a experiência de vida e o mais elementar bom senso. :)

    Eu gosto do que a Fernanda Câncio escreve, e penso que ela tem tido um papel fundamental para questionar a sociedade portuguesa e promover debates que a fazem avançar. Independentemente da opinião dela, e do resultado final, o que é importante é que promove debates que nos fazem reparar e pensar nas coisas.

    No entanto, o que mais me incomoda nisto tudo, não é o que está a acontecer a uma pessoa de quem gosto, mas o que está a acontecer ao Estado de Direito no meu país.

    Qualquer pessoa pode ser perseguida por um jornaleco, e ver a sua vida privada a ser completamente devassada, o seu nome atirado para a lama com perfídia.

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