Um blogue de tip@s que percebem montes de Economia, Estatística, História, Filosofia, Cinema, Roupa Interior Feminina, Literatura, Laser Alexandrite, Religião, Pontes, Educação, Direito e Constituições. Numa palavra, holísticos.
terça-feira, 31 de maio de 2016
Vantagens da burca
Momento bipolar
"Mário Centeno garante que o governo está a trabalhar “com grande afinco” na consolidação das contas públicas e pede “paciência” e “tempo” para que “as reformas estruturais feitas nos últimos anos se materializem”, o que ajudará a acelerar o crescimento e a redução da dívida."Fonte: Observador
Expliquem-me lá o que pensar deste governo. António Costa teve um fanico quando perdeu as eleições e, para formar governo, pseudo-coligou-se com dois partidos que são absolutamente contra as reformas que foram implementadas pelo governo PSD-CDS. Passámos os últimos meses a reverter medidas do governo anterior e esse parece continuar a ser o caminho futuro para que a pseudo-coligação sobreviva. Agora, Mário Centeno anuncia que as reformas anteriores irão produzir efeitos?!? Surgem na minha cabeça duas conclusões:
- Este governo não tem legitimidade, pois toda a sua plataforma assenta em virar a página das políticas seguidas pelo governo anterior, que dizem ter sido erradas;
- Se a paciência é comprada com as reformas do governo PSD/CDS, então o governo actual admite que a sua política actual não surte efeito nenhum.
O futuro próximo de Portugal vai ser assim: vão esgotar a boa vontade da União Europeia e do BCE e depois, quando as taxas de juro mundiais começarem a aumentar -- e as da dívida portuguesa já estão --, vão olhar para esta altura e concluir que desperdiçaram mais uma oportunidade. Quantas mais oportunidades pode o país dar-se ao luxo de desperdiçar?
A homogeneidade já não é o que era
Investors and economists like to argue over who's right. Keynesians vs. Austrians, bulls vs. bears. The more I dig into these debates, the more I see that people aren't actually debating the same topic; they're just trying to get the other side to see their own version of reality, and become frustrated and insulted when the other side can't or doesn't.We all do this to some extent. It drives home that a vital skill of anyone trying to make sense of the economy is realizing that everyone has a point of view, and none of them are complete.
Fonte: The Motley Fool
Conduzir em Houston
História gótica
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Poder de mercado
O projecto de renovação do campus terá um custo de $450 milhões e o nome de Fayez Sarofim, que doou $70 milhões. O Sr. Sarofim é apenas um dos homens mais ricos de Houston e dos EUA e, como devem calcular, é um grande apreciador de arte. Também é um grande apreciador de charutos, que fuma copiosamente ao pé das grandes obras de arte que decoram o edifício onde trabalha -- até os cubículos têm obras de arte, não vão os assistentes ter um mau dia por falta de inspiração -- e a sua casa, mas quando se é o dono de Picassos, Motherwells, Rauschenbergs, de Koonings, etc. pode-se fazer o que muito bem se entender. Uma obra de arte num museu de entrada livre é um bem público; mas na casa de alguém é um bem privado.
O Sr. Sarofim faz parte do top dos 200 maiores colecionadores de arte do mundo e, obviamente, em Houston, o seu nome é conhecido por toda a gente que trabalha nos museus -- até os caixas do parque de estacionamento o "conhecem". A GLA tem a sorte de ter um sobrenome parecido com o do bilionário e relatava ela que, numa das sua idas ao museu, houve qualquer confusão com o seu cartão de membro e o preço de estacionamento não incluía o desconto. Ao falar com o caixa, este perguntou-lhe o nome e, quando recebeu a resposta, o rapaz entrou em pânico, pediu imensa desculpa, e abriu-lhe o portão sem que ela tivesse de pagar por estacionar. Pensava ele que ela pertencia à família de Sarofim, o que lhe concederia poder de mercado. Um Sarofim no mercado não é o mesmo que um Smith, por exemplo. O Smith teria de esperar que a confusão se clarificasse para que o desconto lhe fosse concedido.
Quando se tem poder de mercado, o mercado verga em nosso favor. Na questão do "custo" do ensino privado e do ensino público, as questões de poder de mercado são essenciais. É por os sindicatos de professores terem poder de mercado que os professores do público ganham, em média, mais do que os do privado. Mas qual é o poder de mercado do estado quando negoceia um contrato de associação? Será que o preço por turma é ditado pelo colégio privado, o que acontece quando uma família anónima compra a educação do seu filho no colégio, ou é ultimamente determinado pelo estado? Se é determinado pelo estado, então não é representativo do verdadeiro custo para o colégio, pois o preço inclui a pressão do poder de mercado do estado.
Um modelo económico esgotado
afinal o modelo seguido nos anos 80 e 90 foi ou não um bom modelo?
Pequenas diferenças
Curiosidades de Barcelona
Português Swag
O Presidente da República e o ministro dos Negócios Estrangeiros estão em Berlim, e ontem tiveram um encontro com alguns elementos da comunidade portuguesa. Também me convidaram (pois: por estas e por outras é que este país...), de modo que me disfarcei de senhora, e fui.
Marcelo Rebelo de Sousa discursou sem papel e sem se perder em banalidades de ocasião. Mencionou todos os grupos activos da comunidade portuguesa em Berlim - de cor, sem gaguejar, sem esquecer nenhum (bem diferente de um maestro que vi há dias na Filarmonia a fazer um pequeno discurso e a hesitar na parte em que queria dizer o nome da cidade). Depois falou com cada um dos presentes, realmente interessado no que lhe diziam. Contei-lhe sobre as novas perspectivas para o Cinemagosto, respondeu com algumas sugestões.
Por sua vez, o ministro ia ficando sem jantar por estar inteiramente imerso na conversa com os investigadores da associação ASPPA.
O embaixador João Mira Gomes e a embaixatriz/embaixadora Graça Mira Gomes conseguiram criar um ambiente tão informal quanto elegante, sempre bem-dispostos e atentos a tudo - até a chamar as cozinheiras para receberem o nosso aplauso de gratidão e falarem ao Presidente. Uma delicadeza.
Para mim, foi uma noite muito proveitosa: além de matar saudades de um bacalhau como deve ser, pude falar com várias pessoas fundamentais para a nova associação cultural que estamos a criar.
Mas o melhor de tudo, de longe o melhor de tudo, foi ter passado umas horas a assistir a um Portugal renovado e cheio de swag. Meu rico país!
["swag" no sentido alemão da palavra: uma aura invejável de descontracção e confiança, própria de quem está de bem consigo e com o mundo]
[como se não bastasse termos o problema de as palavras portuguesas mudarem de significado quando chegam ao lado de lá do Atlântico, agora temos palavras inglesas com sentidos diferentes conforme o país onde são ditas - tradutor sofre!]
Moo...
Um conjunto de contradições.
domingo, 29 de maio de 2016
porque hoje é domingo: história mirabolante de uma miúda que quer inventar um foguetão
"I'm going to build a rocket ship out of a trash can and some wood and a bubble that never pops, and then I'm going to test it out to see if it goes somewhere, and if it goes somewhere, I'll go to outer space and see things that people never even saw before."
Resposta da NASA, no facebook:
sábado, 28 de maio de 2016
Um moderado isolado
Viva, mas...
O meu regresso a casa
#MORE - missing driver's sister says he posted this pic on Facebook from inside his truck #khou11 pic.twitter.com/DTkAflw7pH— Stephanie Whitfield (@KHOUStephanie) May 27, 2016
Não dava, mas dá...
E porque hoje é sábado: histórias mirabolantes de uma miúda portuguesa que quer ser política na Alemanha
1. A recém... política
(...) Pediu-me para ver sozinha as fotografias. “Tens a certeza?”. “Tenho”. Corpos escavados pela fome, pela fadiga, pelo pesadelo nazi. Empilhados como molhos de lenha. Uma tácita convenção impõe que eu não quebre o silêncio antes dela. “Anne Frank morreu assim?”. “Sim querida”. “Isto não mais vai voltar a acontecer, pois não Mami?”. “Não. Nie wieder”. “Temos de estar atentos”, diz-me baixinho. Disfarço mal a comoção.
Continuamos o percurso pela Haus der Geschichte, o museu de História de Bona e um dos mais importantes legados do chanceler Helmut Kohl. Paramos no Bundestag. O mobiliário original do primeiro parlamento alemão do pós-guerra está aqui. Sobe ao púlpito e pede-me para tirar uma fotografia. Ao almoço, depois de visitarmos a queda do Muro e a reunificação, comeu sem pressas, mastigando com lentidão. Cogita. “Tu sabes que eu não vou ter filhos, não sabes?”. “Sim, Matilde?”. “ E também já não vou estudar baleias para o Alasca com a tia”. “E?”. “ Decidi uma coisa hoje”. AIAMINHAVIDA.”Sim?”. “Como não quero ter filhos tenho todas as condições para ser política, como a Merkel”. “Aaah?”. “ Ela não é a mulher mais poderosa do mundo? E não pode decidir sobre guerra e paz? Pois eu quero ser política para que nunca mais haja guerra. E vou ser dos Verdes”. Mãe em hiperventilação.
Pensar que eu aos nove anos sonhava ser a Wonder Woman.
2. As crianças são o melhor do mundo e tal
Há quem diga que a ironia é o melhor dos condimentos e é óptimo ter sentido de humor. Aprecio uma e não me escasseia outro. Porém digam, digam-me o que eu fiz de errado quando a mini-política cá de casa afirma “ser favorável à introdução de um salário mínimo” e põe no topo da sua lista de presentes de Natal ( sim lista de presentes de Natal em Setembro ou não fosse a pestinha alemã) um encontro com …o Peer Steinbrück.
Façam coro comigo: ohmmmmmmmm.
História gótica
71. Protegidos pelo sol do meio-dia, Ada, Groesken e Valodu olham para a entrada imensa atrás da qual esperam encontrar, não sabem o que esperam encontrar, ainda que procurem isso, essa coisa, há muito tempo.
Imagens de Portugal
Estando nos antípodas de um filme publicitário sobre o Porto, a curta "Canção de Amor e Saúde" do João Nicolau agarra em duas peças de Serralves com um olhar tão surpreendente que me deixou capaz de apanhar o primeiro avião para as ir viver com calma.
Temos um país extraordinário. E temos pessoas que fazem cinema extraordinário. Temos tudo para poder dar do país perspectivas originais, poéticas, inesperadas, compondo uma imagem que suscite interesse e curiosidade. Temos a matéria, a arte, a inteligência, a flexibilidade e a criatividade necessárias para inventar uma nova linguagem na publicidade turística.
Também por isso me incomodam os filmes publicitários para atrair turistas que põem a tónica no "venha a Portugal, coma uma local", nas imagens com a beleza banalizada dos catálogos turísticos, e na hospitalidade confundida com subserviência. Portugal é muito mais, pode muito mais e merece muito mais que isto.
sexta-feira, 27 de maio de 2016
"Vem a Portugal, come uma local"
"Vem a Portugal, come uma local" deve ter sido a ideia de base que serviu à equipa que fez este filme. Seguida de "a nossa culinária é um bocado esquisita, mas as nossas mulheres são mais boas que as vossas" e "estamos ansiosos por ver as nossas ruas invadidas por gente bárbara, usem-nas à vontade, porque nós levamos a hospitalidade tão a sério que nem nos importamos que alguns dos nossos moradores vão parar ao hospital".
Sobre os conteúdos, estamos conversados. Agora gostava de saber quem é que fez esta pérola da subserviência, quem pagou, e quanto pagou.
Pode ser que morra...
Sai mais um observatório
Continue-se a ver o mundo de pés para o ar, pois todos os observatórios criados no passado ajudaram imenso a que o país crescesse e as pessoas conseguissem melhorar a sua vida. Bem, os "observadores" conseguiram melhorar a sua vida...
História gótica
70. Se, numa noite de inverno, um viajante. Se, numa noite de inverno, um viajante encontrasse quatro crianças loiras sincronizadas, saberia que tinha chegado ao seu destino. Não porque as encontrasse numa noite de inverno. Há muitas noites de inverno, por exemplo, em Zselyk quase todas as noites são noites de inverno, e se o viajante chegasse ao seu destino numa noite de inverno sem mais, então não viajaria para muito longe, porque não é só em Zselyk que há noites de inverno, elas estão por todo o lado. Não seria sequer merecedor do nome, o viajante. Teríamos que reescrever a frase. Se, numa noite de inverno, um pensionista. Se, numa noite de inverno, alguém que sempre dependeu da bondade de estranhos. Se, numa noite de inverno, uma astronauta. Zselyk não durará até à noite em que um viajante chegará à lua, não saberá se é uma noite de inverno ou um dia de outono. Não saberá qual a melhor estação para enviar alguma coisa para o espaço. Ainda que saiba muito sobre viajantes, muitos têm chegado a Zselyk, vários deles em noites de inverno, quase todos para encontrar o seu destino. Zselyk sabe também que não há nada de floreado no destino, que o destino não é um clímax. É só o fim. Por isso, quando se diz que, numa noite de inverno, um viajante chega ao seu destino, o que se quer quer dizer é que, numa noite de inverno, um viajante chega ao seu fim. E se chegar ao destino não tem necessariamente a ver com noites de inverno, são tantos os fins todos os dias e todas as noites e as noites de inverno não são todos os dias e todas as noites, tem a ver com encontrar quatro crianças loiras sincronizadas. Sempre que, numa noite de inverno, um viajante encontrar ruas molhadas e candeeiros a gás, ou camiões do lixo, ou prostitutos trémulos, não terá chegado ao seu fim, ser-lhe-á dado a escolher se fica e acende um cigarro sob a luz do candeeiro, ou se parte numa direcção de onde não tenha vindo o camião do lixo, ou se oferece um café ao prostituto, este deve ter muitas histórias e um café quente demora tempo a ser bebido, enquanto é, venham histórias tristes e histórias burlescas, histórias grotescas e histórias de cortar o coração, histórias cínicas e histórias de acender velas às escondidas nas igrejas. Seja o que for que decida, continua a ser um viajante porque não pára. E, escolhendo alguma coisa, não podemos dizer que se atrase. Para quem espera num ponto de chegada que um viajante chegue, cada escolha é um atraso. Assim terá sido para Penélope, que nunca dependeu da bondade de estranhos. Assim não terá sido para Ulisses, uma viagem não é o caminho mais curto entre dois pontos, a recta entre um ponto a e um ponto b.
FAQ U!
Piñatas de Donald Trump
quinta-feira, 26 de maio de 2016
Hitler também era um keynesiano
Ensino público
- Escola Preparatória de Silva Gaio
- Escola Secundária de D. Duarte (7-9)
- Escola Secundária de Avelar Brotero (10, 11)
- Escola Secundária de Jaime Cortesão (12)
Todas as minhas virtudes vêm da educação que recebi em Portugal; as minhas falhas são todas da minha responsabilidade porque sou um bocado preguiçosa, distraída, e lenta (peço desculpa de antemão).
A queda de um muro?
Dirait-on
O meu coro já está a preparar a próxima maratona: um trabalho intenso com o Rundfunkchor Berlin, e um programa variado e exigente. A arte também se quer organizada, e muito: já nos deram uma folha com as peças que vamos cantar, e uma tabela de datas para fins-de-semana do coro, ensaios normais e ensaios com o Rundfunkchor. Quem se inscrever, compromete-se a faltar o menos possível aos ensaios normais e a não falhar nenhum dos outros.
Ainda tenho a missa do Schubert feita ear worm nos meus dias, ainda falta mais de uma semana para terminar o prazo de inscrições para o próximo projecto, mas uma colega do meu naipe já começou a ouvir as peças propostas e já nos avisou que há uma que a tocou de forma especial. Chama-se "dirait-on", e é a música de Morten Lauridsen para um dos poemas que Rainer Maria Rilke escreveu em francês. Como estamos na Alemanha, o entusiasmo espontâneo é muito organizado: enviou-nos o poema em francês e a tradução para alemão, e um filme no qual o compositor explica como criou a música.
Esta manhã estive a ouvi-la repetidamente: a tranquilidade e a simplicidade que se instalam em nós sem remissão.
Venha a próxima maratona! Quero corrê-la intensamente e devagar, passo a passo, compasso a compasso, inteiramente.
Les roses
Abandon entouré d'abandon,
tendresse touchant aux tendresses...
C'est ton intérieur qui sans cesse
se caresse, dirait-on;
se caresse en soi-même,
par son propre reflet éclairé.
Ainsi tu inventes le thème
du Narcisse exhaucé.
Confiança e falta dela
Relativamente ao resto da campanha, se ouvirem ou lerem falar acerca das eleições presidenciais americanas, ficam com a impressão de que Hillary Clinton não é muito fidedigna. As pessoas acham que ela mente ou distorce os factos muito mais do que os outros candidatos. Todos os candidatos distorcem alguma coisa e ela, nesse aspecto, não é diferente. Mas a impressão que temos é que ela é muito pior. Quem faz a verificação dos factos não a toma como assim tão má relativamente aos outros.
Ainda não percebi se a impressão que se tem ao ouvir as pessoas falar de Hillary Clinton corresponde a esta eleição, à eleição contra Barack Obama, ou se se deve a outra coisa. Fica aqui o infográfico do Star Tribune, um jornal de Minneapolis/St. Paul, e podem ler o artigo que o acompanha na página de Internet:
quarta-feira, 25 de maio de 2016
Actualização do Estudo do Ministério da Educação
- a orientação das páginas foi mudada para "vertical" e o documento tem agora 107 páginas -- já se poupou papel a quem imprime estas coisas
- a data do documento foi antecipada: era Maio de 2016 e agora é Março de 2016
- o Colégio Liceal Santa Maria de Lamas já tem nome completo e está "analisado"
História de um contrato de associação de há 456 anos
Modernidade
"O Bloco de Esquerda (BE) apresentou um projecto de lei que facilita a mudança de sexo a partir dos 16 anos. A proposta só deverá ser agendada para discussão no Parlamento depois das férias, uma vez que as marcações já foram todas feitas até ao final da sessão legislativa.Portugal terá a sociedade mais "moderna" de toda a civilização humana, se permitirmos que o Bloco de Esquerda dê largas à sua imaginação. Em causa está permitir que pessoas com 16 anos possam mudar de sexo e não sejam sujeitas a avaliações médicas, deve ser tudo por vontade própria.
O projecto de lei que reconhece o direito à identidade de género elimina muitos dos requisitos “abusivos e atentatórios da dignidade humana” que agora são exigidos para uma mudança de sexo, incluindo a obrigatoriedade de haver um relatório médico que atesta a condição mental de quem a requer. Esse processo “não deve ficar dependente de um terceiro elemento”, sustenta a deputada bloquista Sandra Cunha. “Tem de haver uma despatologização, estas pessoas não são doentes”, disse ao PÚBLICO."
Fonte: Público
A pessoas de 16 anos não permitimos que votem em eleições (mas o Bloco quer que se permita, só que mudar de sexo aos 16 tem prioridade a poder votar aos 16), nem que viajem sem autorização dos pais (a não ser que se tenham casado primeiro ou estejam emancipados), nem que comprem ou bebam álcool, nem casar-se sem autorização dos pais, mas queremos permitir uma operação para mudar de sexo com a maior das facilidades, uma coisa que é médica, que pode correr mal, que a pessoa deve estar ciente dos riscos que corre e confortável com os mesmos.
Eu preferia que não se fizesse tão cedo, mas não sou médica, logo se a comunidade médica achar que há casos que têm mérito para serem efectuados nesta idade, tudo bem. Mas fazer uma coisa destas sem parecer médico, à vontade do freguês?!? Isso é irresponsável. Até para meter aparelho nos dentes há parecer médico.
Coisas esdrúxulas 34
Uma grande merda
O meu papel nisto tudo foi o de fazer a análise quantitativa: ver quantas toneladas de estrume iriam ser transportadas por que meio de transporte (camião ou combinação camião-barca fluvial), para onde, e em que forma (se era transportado solto ou embalado em plástico), pois os custos e benefícios de todas as opções eram diferentes e nós também queríamos saber quanto dinheiro isto iria poupar em adubos. Para fazer isto, escrevi um programa em GAMS que me dava a solução e os custos de cada rota. Aquilo demorou-me vários meses a implementar, pois era preciso procurar dados, pensar na forma do problema, nas restrições, e depois escrever o programa, fazer correcções, e resolver a coisa para encontrar a solução. Claro que não trabalhei sozinha.
Ao ler o estudo do Ministério da Educação acerca de como decidir colocar os alunos em escolas públicas ou privadas, não posso deixar de constatar que nos EUA se dispende mais esforço a pensar onde enviar merda -- sim, MERDA -- do que o esforço que em Portugal se dedica a decidir o destino de crianças. É uma grande merda...
O Word Doc de Tiago Brandão Rodrigues
terça-feira, 24 de maio de 2016
Diga "Bom dia" com impostos
Mas deixo-vos uma dica: se forem à Câmara barafustar, eles baixam porque isto em Portugal é tudo à la carte. Nos EUA também dá para baixar o imposto de propriedade: o dono paga e manda fazer uma avaliação da propriedade e entrega à apreciação da cidade (se comprou a casa há pouco tempo, pode usar o valor da compra). Barafustar não é suficiente.
O benefício da dúvida
Mercado desavergonhado...
* Um short é uma posição financeira motivada pela expectativa de que o preço do activo vai cair, logo vende-se o activo ao preço actual, na expectativa de o poder comprar mais tarde a um preço mais barato. Chama-se short porque o activo é vendido antes de o comprarmos, logo falta-nos o activo -- estamos "curtos", short --, até liquidarmos a posição.
** O mercado especulativo é um "zero-sum game": as perdas de uns são anuladas pelos ganhos de outros. O valor deste mercado é o de fornecer informação e permitir a gestão de risco, não cria valor líquido em termos reais.
segunda-feira, 23 de maio de 2016
Escolas "caras" em Houston II
Se consultarem a página web da escola, saberão que o processo de selecção de novos alunos inclui, entre outros, critérios relacionados com notas, actividades extra-curriculares, cartas de referência, especialmente o serviço comunitário do aluno, entrevista, hereditariedade, maturidade da criança. A descrição do processo é a seguinte:
É estranho ou talvez não
A inveja
- bom salário e mau mar
- mau salário e bom mar
Agora não se esqueçam de pedir um subsídio ao Mário Centeno para colorir de azul o Golfo do México em Galveston e poderem vir para Houston trabalhar porque toda a gente merece ter essa "escolha".
O meu mar, no Sábado, em Galveston:
Galveston, TX, at dusk on Saturday. Don't mock my ocean, it's the only thing I've got right now...
A video posted by Rita (@stellathepug) on
O mar em Portugal, cortesia do Miguel Portela:
Referendo - terceiro take
Primeiro take
Segundo take
"Esperando o Sucesso"
domingo, 22 de maio de 2016
História gótica
69. Era tal a desordem que reinava, a desordem, como se sabe, reina, e também a confusão ou a harmonia, afinal são muitos os estados que reinam, no interior da mala que o homenzinho redondo abriu, e que ocupou todo o balcão da farmácia, que Dragomir, ainda mal refeito do anterior assalto à sua tranquilidade, se sentiu zonzo quase até ao desmaio. Que alguém pudesse apresentar-se como vendedor, e vendedor de objectos utilíssimos e futuríssimos, sem que se conseguisse perceber quantos e quais eram esses objectos, constituía para o farmacêutico algo de inexplicável. E como, ao abrir a mala, Pécuvard fizera cair ao chão a pilha de caixas de pastilhas com sabor a violetas que Dragomir tentava em vão vender às aldeãs desde que chegara, este sentia no peito confusão e desordem quase iguais àquelas que, como se disse, reinavam no enorme implemento de transporte de objectos pequenos do homenzinho redondo. Pécuvard não parecia preocupado com o destino do conteúdo da mala, talvez irrevogavelmente destruído. Pelo menos, não tinha desaparecido da sua boca o sorriso e do seu bigode a compostura. Pelo que não é descabido presumir que a desordem em causa fosse já bem conhecida de Pécuvard, familiar até, e não resultado de um infeliz acidente. A mala continha uma profusão de molas e manivelas, de tal modo misturadas que mais parecia ser o homenzinho redondo vendedor de peças avulsas do que dos objectos completos e funcionais que prometera. Mas como até os desarrumados têm a sua ordem, Pécuvard começou a tirar da mala essas molas, manivelas, porcas, parafusos, pedaços de metal e pedaços de madeira e, com tanta rapidez quanto aquela com que jorravam dos seus lábios enxurradas de palavras, montou máquinas enigmáticas e tentadoras. Sim, Pécuvard, aventemos, era um vendedor de sucesso menos pelo que dizia do que pela prestidigitação que realizava e pela atracção que a humanidade sempre teve pelas coisas mecânicas. A avalanche de palavras era, percebia-se agora, uma armadilha para conduzir o prospectivo cliente a um estado tal de irritação que era com surpresa que constatava que os conteúdos da mala eram supremamente interessantes. E o contraste entre a irritação e o interesse causava aquela grande experiência de imprevisibilidade que dá à humanidade extrema satisfação. Eram, então, duas as fontes de prazer da estratégia vencedora de Pécuvard. Era inesperada a curiosidade seguindo-se à antipatia, e eram irresistíveis as máquinas. Quem conhece a humanidade, e Pécuvard conhecia-a bem, sabe atraí-la, tê-la, como, mais uma vez, se diz, na mão. Por mais que a ilustração da espécie avance, nunca ela perde o fascínio por aquilo que não compreende e que logo considera da ordem do feitiço. Nunca ela perde a capacidade de ficar com o proverbial queixo caído no proverbial chão, de ficar com a boca proverbial proverbialmente aberta. E era por saber tudo isto que Pécuvard não receava que fosse descoberta a natureza do seu verdadeiro negócio.
Filosofia barata
Foi o que me veio à cabeça ao conversar com uma amiga minha. A minha cabeça é um sítio muito divertido.
O futuro do desejo
Ao ver este vídeo, recordo-me de outro igualmente sexy, mais recente, e com um visual parecido: o "Love Will Never Do (Without You)" da Janet Jackson, da autoria de Herb Ritts, e que conta com o corpo delicioso objectificado do Antonio Sabato, Jr., entre outros. Aqui todos os homens são adultos e não aparecem em transe a olhar cheios de desejo para uma mulher. Lentamente, os homens estão a ser promovidos a objectos desejáveis. Nós, mulheres, devemos muito aos homossexuais e ao seu desejo de ver homens nus, pois não fica "muito bem" para mulheres desejarem olhar para homens nus.
Estou curiosa acerca dos próximos desenvolvimentos da civilização em termos de desejo, até porque em "Mia Bocca", Jill Jones canta "I have only had one lover since I was 12 years old".
Adenda: Para aceitar fazer um vídeo com a Janet, o Herb mandou-a perder peso...
Call me...
A questão da escolha é muito importante porque, muitas vezes, quando se entra numa vida assim, é muito difícil sair. Mesmo em países como a Alemanha, onde a prostituição é legal regulamentada, a fiscalização é inadequada e há bordeis onde as mulheres são praticamente escravas: vivem lá, dão o seu dinheiro ao bordel para pagar a renda e a diária, e são obrigadas a receber um número grande de clientes por dia. Não são elas que escolhem os clientes, nem têm grande escolha em outros aspectos da vida. Muitas vêm de outros países, não falam alemão, e não têm oportunidades em outros mercados de trabalho. Gostaria que legalizar-se regulamentar-se a prostituição em Portugal não levasse a situações deste tipo. Um dos objectivos da legalização regulamentação tem de ser mesmo melhorar as condições de vida destas pessoas e não apenas criar mais uma fonte de impostos.
Há outro aspecto da escolha que também gostaria de abordar. A maior parte dos bordéis são para servir os desejos dos homens, o que acho mal. Acho que o mercado também deve oferecer bordeis para servir os desejos das mulheres. E gostaria que os libertários de Portugal, que tão valentemente se expressaram em favor de o estado dar às famílias a possibilidade de escolher entre o ensino público e privado, agora adoptem esta causa: caros libertários, apoiem a legalização regulamentação da prostituição e preocupem-se com as mulheres terem a escolha de poder frequentar bordeis como clientes e não apenas como prestadoras de serviços. Já sabem que podem contar com o meu apoio, basta chamarem-me!
P.S. Muito obrigada ao Miguel Madeira pela sugestão de usar "regulamentar" em vez de "legalizar" e do feedback do Zuricher acerca de a prostituição não ser ilegal e de existirem algumas ofertas de serviços para mulheres. Isto da cooperação é muito giro, o Mises ficaria muito orgulhoso do nosso blogue. Até parecemos libertários a sério...
Voam, mas baixinho
Pensamento do dia
sábado, 21 de maio de 2016
Um homem vil
O que não é difícil de compreender é que António Costa acabou de admitir que o governo nos forneceu uma notícia que não era notícia. Pois é, ilustres leitores, o nosso Primeiro Ministro usou a educação das crianças portuguesas para manipular a opinião pública. Uma pessoa que faz isso é para mim um homem vil, sem escrúpulos, merecedor do meu maior desprezo.
Vamos lá a isto, que a Bayer faz maravilhas
Mas adiante. Motivos à parte, as futuras famílias manifestam uma clara preferência pelo casamento religioso. Por isso, eu proponho, por uma questão de eficiência, que se poupe no conservador e se passe para o padre as funções matrimoniais, deixando ao primeiro só o registo de nascimentos, óbitos e divórcios.
da missa a metade
Erros meus, má fortuna, viagens, outros afazeres: são quase cinco da tarde, e ainda só sei da missa a metade.
Agora vou estudar o resto, para tentar reduzir ao mínimo o post que talvez venha a escrever mais tarde sobre o erro de estudar apenas para dez quando a escala vai até infinito, sobre não saber aproveitar convenientemente as oportunidades que nos dão, etc.
Deixem-me tomar uma Aspirina
Curiosamente, não vejo aí os arautos da liberdade de escolha a barafustar com a medida. Bom, eu sei que uma pessoa não pode estar permanentemente a travar batalhas. Há que adoptar umas causas em detrimento de outras, mesmo que todas nos sejam muito caras. É uma questão de stock de fluoxetina - Prozac, para quem preferir. No entanto, tenho a leve suspeita de que este sossego relativamente aos pobres 115 medicamentos que poderão deixar de ser comparticipados (que tal pôr-lhes uns post-it's nas farmácias?!) é mais explicado por esta ser simplesmente a continuação da política de medicamento que Paulo Macedo colocou vigorosamente em prática.
E agora esta sofredora de dores de cabeça (sim, tenho-as mesmo, não é desculpa) vai tomar uma Aspirina, que só de me lembrar da desonestidade intelectual de um certo debate fiquei com uma enxaqueca e dar no ácido acetilsalicílico não é para mim.
[Adenda: na versão inicial deste post, eu colocava a hipótese de a alternativa aos medicamentos em apreço se tratar de um genérico. Erro meu que não li bem o comunicado do Infarmed, onde é referido que são igualmente de marca.]
sexta-feira, 20 de maio de 2016
Primeira e última
"As pessoas dão demasiada importância à primeira vez. E a última vez? Ninguém pergunta pela última vez. A última. A última de todas. A última das últimas. A última depois da qual não há mais nenhuma."Num dos primeiros dias de aulas da minha escola primária, houve uma actividade em que tínhamos de pintar com tintas. Nunca tinha usado tintas, mas lembro-me de estar a ver os outros meninos pintar. No início apenas vi porque era necessário que alguém me chamasse para pintar, senão eu não faria nada. Sendo eu uma criança extremamente introvertida -- muito sossegada, pasmada, até --, precisava que me dessem instruções específicas e, principalmente, autorização para fazer o que quer que fosse. Finalmente, a autorização veio quando a minha professora me mandou pintar.Pedro Mexia
~ ~ ~ "Certain people always say we should go back to nature. I notice they never say we should go forward to nature."Mark Rothko
Elegia ao pensamento independente
- Ca burra, não percebes nada disto sua comuna/fascista!
- Muito bem Rita, toda a gente devia ser obrigada a ler tudo o que você escreve!